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Ambos chegaram cansados. Sentaram-se num tronco de árvore, deixando as pastas do lado. Afrouxaram a gravata e se puseram a conversar.
- Lembras do Silva ?
- Aquele um moreno, de bigodes ?
- Sem bigodes. O que imitava peixes. Nunca vi imitador igual. Imitava truta, golfinho, bagre ...
- Mas golfinho não é peixe.
- Mas ele imitava golfinho.
- Então ele imitava mais do que peixe.
- Mais do que peixe, mas especialmente peixe : imitava bacalhau, salmão. Imitava lúcio, solha. Imitava lêmure.
- Lêmure é peixe ?
- Sim, lêmure é peixe. Imitava marlim, peixe-serra ...
- Grande imitador, hein ?
- Pois é. Morreu.
- De quê ?
- Afogado.
- Que ironia do destino. O nosso Silva morrer afogado.
E mais não disseram. Dali mesmo levantaram vôo, pasta embaixo do braço. Lá foram eles, em direção ao sul, imitando pássaros. Canários, ou pelicanos. Talvez gaivota ou morcego. Sei lá. Não entendo muito de aves.
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3 comentários:
Queria ser impessoal assim numa história, e queria saber escrever contos curtos... você já deve ter notado que não sou muito bom nisso... acho que é porque atualizo o blog tão irregularmente (assim como você, rs) que a cada postagem eu aproveito pra saborear o que as palavras têm a oferecer, e eu tenho muito a coisa do literato, do adorar as palavras sob várias formas, não muito como a Lispector, cujas palavras nitidamente aprisionavam muito do que ela pretendia expor, ainda que o que conseguisse fazer fosse feito brilhantemente, elevando nosso pensamento, como gênio que ela era - ou quase-gênio, no mínimo, se é que isso existe.
Você foi bem sintética, mas foi uma boa leitura. Muito engraçado e nonsense, heheheheh!
É bom vê-la "voltando", saudações!
Vc tava ouvindo o que no momento? Bjork? De qqr modo, gostei do conto.
Queria saber escrever contos.
Eu tento, mas são tentativas sem sucesso (pelo menos na minha concepção).
Adorei o teu conto, se o que eu entendi era o que voce queria mostrar, ele é bem criativo.
:]
http://opniaoinutil.blogspot.com/
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